O Tamanho da 3ªVia: Manifestações de 12/09
Lula amplia a vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno 46% a 25%, e no segundo turno, o petista venceria por 58% contra 31% do atual presidente
Ciro e Dória também venceriam Bolsonaro com facilidade se a eleição fosse hoje, aponta a Pesquisa Datafolha de 09/07/2021
O instituto Datafolha divulgadou na sexta-feira (9) no site da “Folha de S.Paulo” a sua mais nova pesquisa para corrida presidencial de 2022. Nela Lula aumentou a vantagem sobre Bolsonaro e todos os demais candidatos. Os números da pesquisa espontânea, revelam crescimento do petista de 21% para 26% em comparação com a pesquisa anterior de maio, já o atual Presidente Jair Bolsonaro oscilou dentro da margem de erro e saiu de 17% para 19% das indicações espontâneas de votos. Num hipotético segundo turno, tendo em vista que todas as pesquisas apontam uma vitória acachapante já no 1º Turno do petista, Lula tem 58% contra 31% de intensões de voto do atual Presidente. Isso indica nova ampliação de vantagem de Lula fora da margem de erro, uma vez que na pesquisa anterior, o ex-presidente tinha 55% contra 32% de Bolsonaro.
A pesquisa Datafolha fez sondagens estimuladas com João Dória e Eduardo Leite ocupando a vaga de Candidato à Presidencia pelo PSDB. Foram ouvios 2.074 eleitores entre os dias 7 e 8 de julho em 146 cidades brasileiras, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, e sendo de 95% o nível de confiança da pesquisa.
Vejamos os 2 cenários de Primeiro Turno:
Resultado da Pesquisa Estimulada:
- Com João Dória como candidato do PSDB
- Lula (PT): 46%
- Jair Bolsonaro (sem partido): 25%
- Ciro Gomes (PDT): 8%
- João Doria (PSDB): 5%
- Luiz Henrique Mandetta (DEM): 4%
- Em branco/nulo/nenhum: 10%
- Não sabe: 2%
2. Com Eduardo Leite como candidato do PSDB
- Lula (PT): 46%
- Jair Bolsonaro (sem partido): 25%
- Ciro Gomes (PDT): 9%
- Luiz Henrique Mandetta (DEM): 5%
- Eduardo Leite (PSDB): 3%
- Em branco/nulo/nenhum: 10%
- Não sabe: 2%
Ao olharmos para a Pesquisa de maio vemos um crescimento vertiginoso do ex-presidente que saltou de 41% para 46% nos dois cenários pesquisados agora. Em maio Lula tinha 41%; Bolsonaro, 23%; Moro, 7%; e Ciro, 6%. Luciano Huck 4%, Doria 3%, Mandetta 3% e João Amoêdo (Novo) 2%.
Importante observarmos no cenário de pesquisa espontânea a evolução do percentual de pessoas que declaram não saber em quem votar: em maio metade do eleitorado não sabia em quem votar, passados dois meses esse percentual caiu para 42%.
O fator escolaridade aqui pode explicar alguns movimentos, uma vez que o público menos letrado é também o menos informado e lá em maio foi o primeiro mês que Lula figurou nos cenários da Pesquisa Datafolha, por ter conseguido a decisão do STF que o tornou elegível. Ao considerarmos que não houve grandes movimentos no percentual de votos dos demais candidatos podemos supor que estes 8% de eleitores que agora já sabem em quem votar, parecem estar seguindo a mesma tendência proporcional da pesquisa estimulada.
Observem que Lula salta de 21% para 26% de intenções espontâneas, enquanto Bolsonaro sai de 19% para 21%. Somente aí já observamos a migração de 7 pontos percentuais dos 8% do eleitorado que diziam votar em Branco, nulo ou nenhum dos candidatos. Sempre ressaltando que estamos analisando a pesquisa espontânea.
As preocupações de Bolsonaro
Sim, há quem não saiba que Lula está elegível, mas a margem dos que não sabem que Bolsonaro é candidato é quase insignificante. Outro fator preocupante para Bolsonaro é que a vantagem na pesquisa estimulada se agiganta muito, fazendo supor que realmente é ainda a desinformação quanto a elegibilidade de Lula que segura uma margem mais ajustada na disputa, observada na pesquisa espontânea.
Se nossa análise estiver correta a tendência é que a vantagem do petista cresça também conforme o eleitorado toma ciência de que o ex-presidente está On eleitoralmente .
Vejamos agora os cenários de segundo turno:
Analisando estes 4 cenários aventados para o segundo turno é possível chegar a algumas conclusões: Lula e não Bolsonaro é o candidato a ser batido hoje, e Bolsonaro terá de contar com uma recuperação econômica histórica para ganhar sobrevida no processo eleitoral de 2022, afinal o atual presidente é surrado em todos os cenários, inclusive para João Dória, ex-aliado na dobradinha de 2018 BolsoDória, agora um dos seus principais desafetos. Pela primeira vez Dória figura como vencedor fora da margem de erro contra Bolsonaro, no entanto isso não pode ser considerado um crescimento de Dória, parecendo mais o retrato da rejeição galopante de Jair Bolsonaro. O Presidente terá que contar muito com a economia para fazer os brasileiros esquecerem seus escândalos de corrupção na compra de vacinas e o gerenciamento da crise sanitária que deve fechar o mês de julho com mais de 550.000 mortos.
Veja mais: Polarização Lula Bolsonaro, pode isso Arnaldo ?
Ciro Gomes e sua Estratégia
Falso Dilema e Falsa Polarização Lula x Bolsonaro
Depois das últimas pesquisas muito se noticiou sobre uma hipotética polarização entre Lula e Bolsonaro. Mas isso é o que a lógica determina como um falso dilema, fruto da ignorância, má fé ou mesmo da falha na inteligência de alguns colegas jornalista e demais lideranças que se apoiam neste juízo desprovido de lógica.
A única polarização sustentável a partir da lógica, seria entre o Bolsonaro e o PCO/PSTU, tendo vista que num polo se propõe a Ditadura Militar à extrema direita, e no outro polo, a extrema esquerda se opõe com a proposição da Ditadura do Proletariado, havendo inclusive convergências entre esses polos como o armamento da população.
Que os eleitores observem que não há juízo de valor quanto a essa comparação entre esses dois polos, mas se há polos comparáveis, são estes, entre a extrema esquerda e a extrema direita. Lula não propõe ditadura, não humilha seus adversários, não nega as regras do jogo democrático, portanto, hoje temos sim, talvez, um polo democrático que abarca todos, inclusive Lula, em oposição aos extremistas que arrogam para si o direito de submeter aos demais por meio de um regime autoritário.
Lula, Venezuela e Cuba
Os mais críticos poderiam evocar Cuba e a Venezuela e o apoio de Lula a esses regimes para argumentar que o petista teria sim esse viés autoritário, mas basta olharmos para como foi seu governo e como é o seu discurso que isso não se sustenta.
Lula segue como dogma os princípios do Barão de Rio Branco, cuja a base fundamental é evitar se envolver com questões internas de outros países, ao contrário de Bolsonaro que já se meteu na eleição estadunidense, Argentina, israelense… causando constrangimentos e destruindo séculos de política diplomática brasileira bem sucedida.
Ciro Gomes e a Estratégia de se colocar como Terceira Via
- nesta pesquisa de Julho a vantagem de Ciro ficou em 14% sobre Bolsonaro.
Novo Marketeiro e Nova Estratégia de Ciro
Ciro já declarou no passado que jamais competiria contra Lula porque segundo ele seria uma espécie de missão impossível, mas o político cearense parece ter encontrado uma estratégia. Para alguns uma estratégia kamikase, para seus apoiadores mais fiéis talvez possa ser a “jogada de mestre”.
O risco de Ciro se tornar uma nova Marina Silva
Muitos petistas alertaram que Ciro seria uma nova Marina Silva, ou seja, no final do processo terminaria sepultado como figura política nacional capaz de sonhar com o Planalto. Mas o que vemos nas pesquisas não parecem condizer com a trajetória de Marina Silva que teve um tombo em 2018 engolindo 1% dos votos enquanto havia saído de 2014 como terceira via que quase foi para o segundo turno.
Evidente que nossa análise ainda é muito superficial e, talvez ali adiante, quando o cenário polarizado pegar é que teremos uma resposta objetiva das urnas.
Contudo, Ciro parece bem vivo, hoje. Figura nas pesquisas com cerca de 8% do eleitorado e tem bons resultados em cenários de segundo turno, o que alias ocorre desde 2018. Não sem motivo também, os petistas advertirão que foi na hora do voto que Marina foi derretida, o que pode também acontecer com Ciro.
Mas tirando as paixões políticas de lado e buscando uma análise fria, Ciro parece ter mexido de forma interessante o tabuleiro, na sua perspectiva, uma vez que parte de premissas verdadeiras: a fidelidade do lulopetismo a Lula; e a rejeição gigante de Bolsonaro que dificilmente será revertida.
Ao atacar o PT e Lula, Ciro indica aos eleitores bolsonaristas e aos avessos tanto ao petismo quanto ao bolsonarismo que ele pode ser a alternativa do Centro para barrar esses dois protagonistas. Ciro joga com o derretimento dos demais candidatos periféricos e com a sua própria sobrevivência ao Centro, enquanto prevê um derretimento maior de Bolsonaro até a eleição ou mesmo o seu impedimento. Hoje Ciro tem 8% e Bolsonaro tem 25% das intenções de voto, o que significa que ele precisa aglutinar os 10% de votos dos demais candidatos periféricos e convencer 1 em cada 5 bolsonaristas de que ele é o único capaz de barrar a volta do PT.
Vamos relembrar que Ciro obteve 12,47% dos votos na corrida presidencial de 2018 conseguindo 13,5 milhões de votos. Ciro vai precisar repetir sua votação e trazer votos de ex-bolsonaristas sob a alegação de que será o único capaz de vencer Lula num eventual segundo turno.
Se der certo, Ciro será um gênio, se não der talvez lhe reste o ostracismo marinense.
Ciro precisa de Pesquisas de Segundo Turno que o Confrontem com Lula
Toda a estratégia do pedetista passa também pelas composições das pesquisas que tem prejudicado um pouco o ex-governador. Esta pesquisa do Datafolha, por exemplo, fez levantamentos partindo do pressuposto anterior a decisão do STF que devolveu os direitos políticos a Lula. Até aquele momento o personagem a ser batido e que parecia estar garantido num segundo turno, era o Presidente Jair Bolsonaro, mas hoje o cenário é bem diferente, uma vez que o favoritismo é claramente de Lula. Isso deve obrigar aos institutos de pesquisa a mudarem seus cenários e aventarem hipóteses mais críveis como o embate de Lula e Ciro. Afinal, os próprios números indicam que não é muito razoável pesquisar um cenário Dória x Bolsonaro, quando Dória tem 3% de intenções de votos, e negligenciar a hipótese de um cenário Lula x Ciro, quando o pedetista figura com intenções de votos que vão de 8% a 10% dependendo da pesquisa e do cenário pesquisado.