Nem Lula nem Bolsonaro. Eis a terceira via organizada. Vitória ou derrota diante da inferioridade numérica de manifestantes nem nem?

Nesse domingo 12 de setembro, cinco dias após o levante golpista “brochado” de Bolsonaro, organizações de direita, centro e até de esquerda fizeram uma manifestação do “Fora Bolsonaro” em dezenas de cidades brasileira, sendo entre essas 18 capitais e o Distrito Federal . Diferente dos volumosos atos contra e a favor do Presidente da República, vimos uma adesão bem menos expressiva.

Os organizadores foram o MBL (Movimento Brasil Livre), Vem Pra Rua e Livres, contando com a adesão de partidos como o PDT, PSB, PC do B entre outros. O fato desses movimentos que organizaram a mobilização terem despontado durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff afastou o PT e setores tradicionais da esquerda, o que esvaziou os atos, mas que também deu pistas do tamanho da capacidade de adesão à propagada tese de 3ª Via.

Seria esse o tamanho da 3ª Via?

A esperança que parece restar aos partidários da terceira via é de que a negação à política tanto de Bolsonaro quanto de Lula esteja circunscrita à uma maioria silenciosa e ressabiada que não gosta de se manifestar publicamente. Afinal, se nos deixarmos levar pelo que vimos ontem nas ruas das cidades mais populosas e simbólicas nessas últimas manifestações, o retrato nos induz a uma conclusão bastante pessimista aos partidários do “nem nem”.
Em São Paulo a mesma PM que estimou a manifestação golpista do dia 07/09/2021 em 120 mil pessoas cravou na Av. Paulista ontem cerca de 6 mil pessoas. O que parece ser proporcional e crível quando comparamos os registros dos atos das 3 vias.

Há que se ponderar que a manifestação golpista parece ter sido arquitetada pela estrutura de financiamento bolsonarista, enquanto o poder de mobilização, financiamento de ônibus e caminhões para o tansporte de eleitores por parte dos sindicatos e entidades progressistas são infinitamente inferiores.
Vimos o registro nas Redes Sociais bolsonaristas de que na manifestação de 07/09/2021 pró ruptura institucional uma logística e poderio econômico foi montado e distribuiu de camisetas à pagamento de R$ 100,00 por manifestante. Esse dinheiro e financiamento tem alguns expoentes, mas também contam com contribuições descentralizadas e difíceis de se localizar em sua totalidade. Médios e grandes produtores rurais pulverizam recursos volumosos entre capatazes e cargos comissionados bolsonaristas enfiados nas máquinas públicas municipais e estaduais para confecção de camisetas, bandeiras, bonés, personagens bem pagos e ensaiados que servem a produzir o efeito manada.
O resultado, portanto, não pode ser comparado de forma linear com uma esquerda esfacelada pelos cortes nos impostos e contribuições sindicais. Hoje qualquer manifestação de esquerda é muito mais voluntária que qualquer movimento artificial produzido pelo poderio econômico que o bolsonarismo tem a mão. Só na máquina federal estima-se que cerca de 20 mil funcionários comissionados sejam ligados aos militares bolsonaristas, sendo que o número de funcionários públicos bolsonaristas inseridos na máquina pública nos 3 poderes deve ultrapassar 100.000 pessoas, por isso a manifestação do 07 de Setembro não deve ser encarada como uma vitória de Bolsonaro.

Dia 07 de setembro de 2021 só demonstrou que tem uma minoria raivosa, atuante e cega pelo seu “Mito”; disposta a passar vergonha publicamente e até a cometer crimes. Nada mais que isso. Inclusive é preciso esperar novas pesquisas para ver quantos de seus fanatizados abandonaram o barco depois de perceberem que o Capitão só “arrega” ou “dá para trás” num termo mais dentro do universo bolsonarista.

O que preveem os analístas, quase numa unanimidade, a partir do que vimos nas redes sociais e noticiários dos últimos dias, é que deve haver uma perda de popularidade de Bolsonaro mesmo entre sua Seita, resta saber de quanto.

Ciro Gomes e a esperança de crescimento frente a Arregada de Bolsonaro

Mesmo sendo visível a baixa adesão nos atos do Domingo, se houve um vencedor, esse sem dúvida foi Ciro Gomes que conseguiu vencer a bolha podetista e discursou à moristas e doristas se apresentando com homem capaz de derrotar Lula. Importante frisar que a tática hoje de Ciro é mirar nos dissidentes bolsonaristas que segundo as redes sociais ciristas estariam abandonado o Capitão por este ter “Arregado” em dar o golpe no feriado da independência.

Nas Redes Sociais de Ciro circula também esse post do perfil Leonel Brisola ressaltando o fato do pedetista estar furando a bolha cirista e se apresentando à eleitores de Moro, Dória e Amoedo. Destacando ainda que entre os manifestantes da Paulista Ciro teria 16% da preferência de votos para presidência, ficando em primeiro lugar.

Mas e o Lula e o PT?

Basta olharmos novamente o posto do perfil Leonel Brisola que poderemos ter uma ideia da dimensão de Lula e o PT no atual cenário. Nesta mesma manifestação Lula aparece na pesquisa da BBC News com 14% das intenções de votos, numa espécie de empate técnico com Ciro.

Detalhe: Lula aparece em 2º lugar empatado tecnicamente em 1º com Ciro nas intenções de voto para presidente, segundo a BBC News, numa manifestação que nem Lula nem o PT, nem seus apoiadores históricos aderiram.

Enquanto Ciro e Bolsonaro correm atrás, Lula continua a evitar tropeços, jogando parado nos últimos dias. Viu de camarote Bolsonaro alimentar com ódio seu rebanho e frustrá-los ao não conseguir satisfazer os desejos golpistas da Seita de extrema-direita. Observou cinco dias depois o primeiro ensaio da dita 3ª via que frustrou-se publicamente levando consigo boa parte da grande mídia que ainda busca loucamente um substituto para o preferido Sérgio Moro.
E ainda comemora dia após dia a nulidade, arquivamento ou devoluções de processos seus instaurados às dezenas na fase de caça às bruxas promovida pela Lava Jato.

Por Marcio Pheper

Redaç@o

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