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30 DE AGOSTO dos professores: DO MASSACRE EM 1988 AO CORREDOR DA MORTE EM 2021

Brasil, 30 de Agosto de 2021.
Marcio Pheper

Hoje é a data que rememora o massacre sofrido pelos educadores em 30 de agosto, durante o Governo Álvaro Dias. Em 1988 neste mesmo dia o Governador determinou a dissolução da manifestação dos educadores paranaenses que estavam em greve por 15 dias. Frente a inflação galopante da época os salários eram corroídos em dias e os educadores exigiam, além das reposições salariais da inflação, melhores condições de serviço.
A cavalaria foi usada contra uma manifestação pacífica de forma violenta. Senhoras de 60 anos foram pisoteadas e agredidas de forma covarde por Cavalos e Policiais Militares do Paraná. Os acontecimentos fortaleceram a união da categoria e o movimento de greve.
A data ficou marcada na história do Paraná, e Álvaro Dias de presidenciável viável nunca mais conseguiu vencer uma eleição para Governador no Estado. Sequer seu irmão Osmar Dias passou a margem de tais atos, já que, diante da possibilidade de algum Dias voltar ao Palácio Iguaçu, sempre surgia o fantasma de 30 de agosto de 1988.
Neste dia 30 de Agosto de 2021 a categoria fez atos para relembrar o massacre de Dias e denunciar a desumanidade da política do Secretário de Educação Renato Feder que obrigou a volta às aulas sem quaisquer condições sanitárias e tecnológicas para o desenvolvimento de aulas de qualidade a partir das unidades de ensino.

Ontem: 30 de agosto de 1988
Recém saídos do Golpe Militar de 1964 professores que lutavam por reposição salarial e melhores condições de serviço foram massacrados pela Cavalaria da Polícia Militar. Este é um dos episódios mais vergonhosos da História da Polícia Militar do Paraná.

Álvaro Dias
Governador do Paraná da Época

Fotos: APP SINDICATO

Hoje: 30 de agosto de 2021

Sob ameaça de Golpe e ruptura à Democracia, educadores são jogados no corredor da Morte para morrerem como heróis anônimos. Sem serem ouvidos pela grande mídia, sem serem ouvidos pelos governantes, relegados a um “rapaz” do meio empresarial fazendo estágio como Secretário de Educação, a categoria grita por socorro.
O Correio Nacional vem acompanhando a situação dos professores e educadores da Rede Pública do Paraná e os casos de mortes entre funcionários e professores após a “volta às aulas” presenciais. Poucas pessoas sabem, mas as escolas nunca pararam totalmente e funcionários e professores mativeram a burocracia e atendimento público que possibilita entre outras coisas a manutenção da distribuição de merendas. Assim nossos educadores vem perdendo a vida desde o início da pandemia e agora a categoria sente o aumento sensível na frequência de óbitos por Covid- 19 após a volta das aulas presenciais.
A falta de respeito aos educadores vai desde a falta de preparo físico das escolas e falta de materiais de segurança até o descaso com os familiares de educadores. Enquanto se discutiu indenizações aos profissionais de saúde que foram submetidos a risco, não houve qualquer negociação com a APP Sindicato acerca de indenizações aos familiares de educadores em caso de Morte por contaminação.
A tendência de queda nos números gerais da Pandemia promoveu uma espécie de euforia para a volta ao “normal”, contudo, sanitaristas alertam que os números de mortes e contaminações no Brasil ainda são preocupantes e o alto grau de transmissibilidade da variante Delta causa preocupação entre os estudiosos. O medo é de que com a transmissão elevada nos tornemos incubadores de variantes que não sejam defendidas pelas atuais vacinas.
A ilusão da queda no número de mortos acoberta a tragédia que se abate sobre a população de meia idade que hoje representa a maior parte dos óbitos, justamente a faixa etária predominante entre os educadores. O governo do Estado obrigou a volta às aulas de maneira impositiva mesmo aqueles que ainda não tomaram as duas doses das vacinas que assim necessitam, de modo que colocou a população que mais morre, numa das profissões de maior risco devido o contato físico, sem os equipamentos de segurança sanitária, para voltarem às aulas presenciais.
É o CORREDOR DA Morte da SEEDPR.
A semana abriu com mais duas mortes por COVID-19 dentro da categoria. A alienação que antes estava relegada à população agora é institucional, pois sacrificam-se vidas em prol de uma dissimulada e ansiosa volta ao “normal” que só se justifica diante da imposição da perspectiva tecnicista e utilitarista. O ser humano e a vida são colocados numa relação de subalternação em detrimento do sistema que precisa continuar a produzir e reproduzir.
A sensação entre a categoria é de perplexidade, uma vez que os professores parecem aturdidos, sofrendo a pressão da grande mídia, da sociedade e do governo.
Antes da pandemia professores já eram os mais afetados quanto a saúde mental e agora receberam de presente a triplicação das suas atividades profissionais. Antes o professor já clamava por ajuda para resolver os problemas disciplinares e pedagógicos de sala de aula, agora os professores precisam se desdobrar em dar conta de atender meia dúzia de alunos em sala, uma parte em casa via meet, outra parte por meio de atividades impressas, e ainda outra parte que opta por só fazer as atividades de classroom – conforme o grau e modalidade de ensino.
Ontem, os educadores já mendigavam migalhas para reporem parte das perdas inflacionárias dos últimos 5 anos. Agora, obrigados a comprar materiais de proteção e arcar com pacote de dados e equipamentos tecnológicos para atenderem seus alunos, uma vez que chega a ser vergonhosa a estrutura tecnológica ofertada aos professores para a realização das aulas nas escolas do Paraná.
Conversamos com alguns alunos e notamos que muitos se desestimularam com a volta parcial das aulas, já que os professores dão aulas em máquinas piores sem as possibilidades tecnológicas que dispunham em suas casas. Soma-se a tudo isso o uso de máscara para aulas e video-aulas simultâneas mais os muitos ruídos nas salas. Ruídos esses amplificados pelo uso de microfones abertos não direcionais.
Dar aulas de máscara é um problema para professores e para os alunos, tendo em vista de que parte do que entendemos depende da expressão do professor que complementa a expressão oral. Ou seja, parte da comunicação e explicações se perdem pela falta da linguagem facial e outra parte se perde pelos ruídos já que são utilizados microfones abertos de netbooks (uma espécie de sub-subnotebook ).

Contexto da Educação 30/08/2021


Sem materiais de proteção sanitária nas escolas.
Sem equipamentos de tecnologia de ponta nas salas.
Obrigação de professores atenderem alunos em frente a um computador de péssima qualidade.
Estudantes de baixa renda com máscaras sem qualquer capacidade de bloquear a disseminação da Covid-19.
Salários congelados por 5 anos.
Escárnio por parte de Secretário e Ministro da Educação.
Estas são só algumas das mazelas enfrentadas pelos educadores do Paraná nesse dia simbólico para categoria.
A necropolítica parece ter entrado de cabeça na Educação, de modo que a armadilha aos educadores parece impor um dilema: morrer de problemas cardíacos e cerebrais oriundos do elevado nível de estresse ou morrer de Covid-19.

O CORREDOR DA MORTE – A CONDENAÇÃO SUMÁRIA DA SEEDPR

A determinação da volta presencial das aulas mesmo sem condições sanitárias nas unidades de ensino e diante do contexto de milhares de mortes semanais tem atacado a saúde corporal e mental de nossos mestres e demais servidores da educação. Será necessária uma pesquisa detalhada depois que passar essa pandemia para fazer o cruzamento de dados de mortes ocasionadas em decorrência de estresse (infartos e acidentes vasculares cerebrais) a fim de dar a exata noção da tragédia que a categoria vem passando.


A Grande Mídia e a Naturalização dos Corredores da Morte aos Educadores

A grande mídia se deixa enganar fazendo matérias em colégios centrais das Capitais brasileiras e fazendo vistas grossas. Esses dias numa entrada ao vivo do Jornal Hoje dentro de uma escola, enquanto o reporter dizia que todas as condições sanitárias estavam sendo respeitadas ao fundo da imagens as crianças estavam brincando se tocando, naturalmente.
Estranhamente a grande mídia cedeu o seu papel de esclarecimento e passou a incentivar a volta às aulas fazendo vistas grossas à precariedade física de nossas escolas. Uma irresponsabilidade desnecessária, pois estamos no máximo a 1 ou 2 meses de imunizar todos os educadores. Talvez a grande mídia pudesse até fazer esta campanha de volta às aulas, mas atrelada a exigência feita pela categoria que afirma querer a volta às aulas mas ao menos com a imunização de todos trabalhadores da educação.

200 EDUCADORES PR JÁ EXECUTADOS NOS CORREDORES DA MORTE
17 EXECUÇÕES NO CORREDOR DA MORTE ESTADUNIDENSE 2020

Sim. Talvez tenhamos exagerado em chamar os corredores da Covid-19 da SEEDPR de Corredores da Morte, afinal o número de executados no Estados Unidos em 2020 foi de 17 enquanto já executamos 200 educadores só no Paraná.

A APP Sindicato contabiliza cerca de 200 mortes entre profissionais de Educação desde o início da Pandemia. E os chefes de Núcleos e Prepóstos têm agido como soldados da Alemanha Nazista, impedindo que sequer as escolas parem para homenagear os mortos.

AS MÁSCARAS DA VERGONHA DA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Para finalizar deixamos vocês com o material criado pelo professor Fabiano Stoiev – Núcleo Curitiba Norte – APP SINDICATO – demonstrando a precariedade dos retalhos enviados às escolas, os quais a Secretaria de Educação teima em denominar de máscaras. Não bastasse a irresponsabilidade da SEEDPR em expor dessa forma profissionais e estudantes ao contágio, ainda paira aí uma série de suspeitas quanto aos preços pagos por estes materiais de quinta categoria.